quarta-feira, 4 de março de 2009

DO SABER AO SABER ENSINAR

REFLEXÕES SOBRE AS COMPETÊNCIAS DO PROFESSOR DO ENSINO SUPERIOR
Na história das Universidades brasileiras, a formação exigida dos que pretendessem ingressar na carreira de docente no Ensino Superior era o conhecimento da disciplina a ensinar. Esse conhecimento poderia advir do exercício profissional ou do exercício acadêmico.
Posteriormente, a formação dos docentes para o Ensino Superior passou a priorizar a preparação para condução de pesquisa. Em nenhum momento se falou em termos pedagógicos.
Não se pode negar a necessidade de conhecimento aprofundado da matéria a ensinar, de competência técnica, bem como de aquisição de habilidades. No entanto, ensino e pesquisa precisam ser atividades paralelas e não atividades concorrentes, fato este que motivou a presente pesquisa, conduzindo-a à defesa da importância da formação pedagógica para o professor do Ensino Superior.
A formação pedagógica do Ensino Superior no Brasil é exercida por professores que não possuem identidade única. Há docentes com formação didática obtida em cursos de licenciatura, os que trazem sua experiência profissional para a sala de aula, os que adquirem experiências em cursos de pós-graduação lato e/ou estrito senso e outros que se espelham em suas aprendizagens como aluno universitário e, especialmente, nos exemplos de seus bons professores. Muitos deles aprendem a ensinar, na maioria das vezes, com a prática, tomando como referencial a forma como foi ensinado.
Durante a presente pesquisa, em uma entrevista realizada com dois professores da Universidade Federal de Alagoas, pôde-se observar que a diferença entre eles não se dá tanto pela metodologia aplicada, mas sim pela forma como compreendem o exercício da docência.
Para o professor A, a docência é vista como um dom, uma capacitação, algo que mostra a sua eloquência durante as aulas. Um bom professor sabe de tudo e nenhum aluno é bom o suficiente para superá-lo. Eis o porquê de só realizar provas e de dar o conteúdo tal qual. Se ensinar é repassar conteúdos, por que esperar questionamentos dos alunos? O conhecimento está aí e precisa ser divulgado e não colocado à prova ou questionado.
Já o professor B mostra outro caminho, apesar de ainda ter calçado a sua prática em métodos ultrapassados. Como ele é pesquisador, inquieta-o passar esse conteúdo de forma morta, acabada. Então, por esse motivo, faz uso de estratégias extraclasse, a fim de ver como os alunos reagem ao confronto da realidade e conhecimento.
Há um caminhar de mudança paradigmática desse professor em relação ao primeiro, pois já percebeu que uma das competências do professor universitário, hoje, é fazer a ponte entre o cognitivo, o social, o afetivo, o político-ideológico e o inter-relacional. Cabe, agora, conhecer mais um pouco o porquê dessa inquietude, o porquê da necessidade de se buscar o novo ou se transformar para aprofundar mais os seus estudos na contribuição que os estudos pedagógicos trazem para a sala de aula e para a prática da docência.
O grande desafio será suprir a necessidade existente de docentes qualificados, já que a graduação e pós-graduação, voltada à tríade ensino-pesquisa-extensão, habilitam o profissional a assumir o papel de professor dando-lhe a titulação. Mas será que basta o título?
Bom seria se houvesse uma mobilização acadêmica que possibilitasse a formação do professor educador e reflexivo, preocupado em melhorar a sua prática a cada dia, no sentido de possibilitar a construção de aprendizagens significativas, por meio do exercício contínuo e renovado da prática pedagógica.
Como seria bom!

Sebastiana Lúcia dos Anjos Bueno
Maceió – AL
Agosto/2007

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